O Ibovespa subiu mais de 2%, após renovar máxima histórica intradia na tarde desta quinta-feira (8), em movimento endossado pelo cenário externo e com Bradesco disparando 16% após resultado melhor do que o esperado no primeiro trimestre.
O Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subiu 2,12%, a 136.231,90 pontos. No dia, a bolsa brasileira chegou a avançar mais de 3% e atingiu o patamar dos 137.634,57 pontos na máxima até o momento, novo recorde intradia. O volume financeiro somava R$ 15,5 bilhões.
Já o dólar à vista encerrou o pregão no campo negativo e caiu 1,44%, a R$ 5,6638 na venda.
Em Wall Street, o S&P 500 subia 1,4%, tendo no radar acordo comercial entre Estados Unidos e Reino Unido, com o presidente Donald Trump falando que há muitas reuniões planejadas com outros países.
O republicano também afirmou que pretende fazer acordo com a Europa e que espera uma reunião amigável com a China, afirmando que as tarifas para a segunda maior economia do mundo não podem ir além de 154% — “sabemos que vão cair”.
Investidores também repercutem decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na véspera, que elevou a Selic a 14,75%, dentro do esperado, e deixou em aberto o que fará na reunião de junho, apontando uma dependência de dados.
Economistas do Itaú destacaram uma aparente escolha pelo Copom por uma estratégia de juros elevados por tempo prolongado, mas consideraram que o comunicado que acompanhou a decisão teve um tom levemente mais brando.
“A discussão sobre um eventual ciclo de afrouxamento pode ser antecipada pelo mercado e em nosso cenário – o consenso atual projeta um corte de 25 pontos-base na última reunião de 2025; vemos esse movimento na primeira reunião de 2026.”
Os movimentos do real nesta sessão refletiam um cenário de maior apetite por risco no exterior, após o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que anunciará mais tarde um acordo tarifário com o Reino Unido, o primeiro desde que embarcou em uma série de negociações comerciais com seus parceiros.
Trump, que concederá coletiva de imprensa sobre o assunto às 11h (horário de Brasília), disse nesta quinta que o acordo com o Reino Unido será “completo e abrangente” e que “consolidará o relacionamento entre os EUA e o Reino Unido por muitos anos”.
A notícia reforçava o otimismo cauteloso dos mercados em relação à política tarifária norte-americana ao longo desta semana. Na terça-feira, EUA e China relataram que suas autoridades se reunirão neste fim de semana na Suíça a fim de reduzir as tensões comerciais.
Os mercados financeiros têm sido abalados desde que Trump anunciou uma série de tarifas abrangentes em 2 de abril, no chamado “Dia da Libertação”. Uma semana depois, ele forneceu uma pausa de 90 dias para a maioria das taxas, mantendo, no entanto, as tarifas sobre Pequim.
“Real está… refletindo o ambiente de maior otimismo e apetite por riscos no mercado internacional, principalmente porque a Casa Branca fará uma coletiva de imprensa para divulgar um acordo comercial com o Reino Unido”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
“Isso tem favorecido as esperanças dos investidores de que talvez as tensões comerciais possam começar a ser reduzidas daqui para frente, com a possibilidade de acordos”, completou.
Decisões de juros
Na véspera, os analistas também avaliaram a mais recente decisão do Federal Reserve, que manteve a taxa de juros inalterada e sinalizou que os membros observam riscos crescentes para o aumento da inflação e do desemprego em meio à incerteza sobre as tarifas.
Em coletiva de imprensa após a reunião, o chair do Fed, Jerome Powell, reforçou que o banco central dos EUA está sem pressa para reduzir os juros novamente, enquanto analisa os impactos das políticas do governo Trump sobre a economia.
Na cena doméstica, o mercado nacional também reagia à decisão do Banco Central, que elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual no início da noite de quarta-feira, a 14,75% ano, e deixou em aberto seu próximo passo na reunião de junho.
Apesar da falta de “forward guidance”, a autarquia indicou a necessidade de uma dose alta de juros por período prolongado em meio a um cenário que segue marcado por expectativas de mercado desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade e pressões no mercado de trabalho.
Segundo Mattos, a manutenção da Selic em patamar alto reforça o diferencial de juros entre Brasil e países de moedas mais fortes, como os EUA, o que pode sinalizar uma pressão baixista sobre o dólar ante o real à frente.
“O Copom ressaltando que vai manter uma política monetária mais restritiva, a meu ver, acaba indicando que o diferencial de juros brasileiro vai ficar mais elevado, o que ajuda na atração de investimentos estrangeiros”, disse Mattos.
“Eu acho que essa indicação de necessidade de uma política restritiva deve exercer pressão baixista sobre o real.”
Preços ao produtor no Brasil
Na frente de dados, o IBGE informou mais cedo que os preços ao produtor no Brasil recuaram em março pelo segundo mês seguido diante da queda nos preços dos alimentos.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,05%, a 99,947.
Fonte: cnnbrasil